terça-feira, 15 de junho de 2010

A perseguida Periquita

Abrindo o 1º Festival de Teatro de Rua de Santa Maria, a peça “La Perseguida” puxa, prende e estica a atenção dos que passaram na Praça Saldanha Marinho.

Magro, baixinho e de cabelos em pé, Rabito sai da Casa de Cultura com seu carrinho de madeira – um baú de rodinhas com um encosto na parte de cima em que estão uma vassoura e guarda-chuva bege. Desce os degraus com seus sapatos de bicos avantajados. Seu sorriso e sua camisa branca chamam os passantes para que façam parte de seu espetáculo.

O errante palhaço Rabito vive em busca da sua paixão, a Periquita.



Ele vem, pela segunda vez, em busca de sua amada na praça de Santa Maria. Em novembro do ano passado Rabito também esteve aqui, no mesmo local, e mesmo com chuva fraca procurou pela sua paixão. Agora, o dia está claro com pouco branco no céu. Empurrando o carrinho, ele para próximo das escadas do átrio da praça. As pessoas já começam a parar e ver o que está a acontecer. Ele tem um buquê vermelho na mão quando grita com voz esganiçada o nome de seu amor: “Periquita!”. Sem resposta, olha ao longe e não a encontra. Perambula entre as pessoas que acompanham seus movimentos, de pé ou sentadas nos quatro degraus circulares já cheios.

Com o público presente, Rabito vai improvisando e comovendo a todos com sua busca incessante. Ele pega os óculos de uma pessoa e cheira o sovaco de outra. Brinca com os fotógrafos e até cinegrafistas de TVs. Entre suas peripécias, grita por sua paixão, a misteriosa Periquita, e nunca ouve uma resposta de volta. Quem o observa são os passantes que estão saindo do trabalho ou indo para a universidade. De adolescentes a aposentados, e crianças com cachorrinhos.

Rabito improvisa e convida o público a participar de suas brincadeiras

Entre eles, Rabito interage com os objetos que traz como cenário e com os que encontra pela frente. Monta o seu ambiente e vai de um lado a outro mantendo os olhos abertos, as bocas fechadas e os risos soltos. Uma vassoura como binóculo, um chapéu como celular. Um show de malabarismos com bolinhas e de música com gaita de boca. Joga água e depois um pirulito no meio do público. Mas nada lhe trás a Periquita.

O grupo

O Teatro VagaMundo foi criado em 2008 pelos namorados Gabriela Amado, de 24 anos, e Daniel Lucas, de 26 anos, como um centro de investigação da arte do ator. A pesquisa da linguagem do palhaço e a rua que originou o espetáculo La Perseguida (2009), criado a partir de gags tradicionais de grandes palhaços do teatro, circo e cinema.

Entre março e abril deste ano, o VagaMundo esteve em Bogotá, na Colômbia, onde participou do XII Festival Iberoamericano de Teatro de Bogotá e do Festival Alternativo de Teatro.

Em agosto, o espetáculo será levado para o oeste de Santa Catarina, com oito cidades já confirmadas na agenda. Eles estão planejando um novo espetáculo, também de palhaço. Saiba mais sobre o grupo no blog http://teatrovagamundo.wordpress.com/

Texto: Marcelo De Franceschi
Fotos: Andressa Quadro

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