terça-feira, 15 de junho de 2010

O dia em que a conversa não foi ao ar

No domingo, 13 de junho, o Mamulengo deveria apresentar aos ouvintes o mundo cômico de clowns e bufões, tema de oficinas oferecidas durante o 3° FETISM. Entretanto, Problemas técnicos impediram que o programa fosse transmitido. Porém, para não perder a chance de entender os engraçados personagens, chamamos os convidados para um bate-papo que, apesar de não ter ido ao ar, rendeu explicações e uma bela conversa.

Bate-papo sobre clowns e bufões no Espaço Cultural Victorio Faccin

Palhaço ou clown?


As denominações de clown e palhaço muitas vezes se confundem. Os termos podem ser considerados equivalentes, ou com sutis diferenças, de acordo com quem os interpreta. Daniel Plá, professor do Curso de Artes Cênicas da UFSM, identifica certa distinção entre os dois: o clown tem foco na piada física, diferentemente do palhaço, que, associado ao circo, dá ênfase a pilhérias verbais. Já o ator Felipe Dagort percebe o palhaço como um termo mais amplo, enquanto o clown envolve a técnica do teatro.
O palhaço ou clown, independente da denominação, está presente em muitos grupos sociais. Existe algo na sociedade que exerce o papel de palhaço, "é uma manifestação intrínseca", diz Gabriela Amado, do Teatro VagaMundo. Mais do que simplesmente fazer rir, o clown faz uma crítica e transforma a sociedade, aplicando novas formas de interação através do olhar cômico.



Felipe Dagort como clown


Bufão, o piadista que aponta

Sem a beleza do clown, o bufão é também uma figura cômica e irreverente, personagem que aponta o dedo, mostra nas pessoas o que elas muitas vezes tentam ignorar. Ligado ao grotesco, o bufão usa palavrões, brinca com o feio, com o que causa repulsa.
As diferenças entre clown e bufão estão em sua aceitação e maneira de abordagem. Como define Daniel Plá, o bufão aponta, o clown mostra em si. Felipe Dagort diz ainda que o clown é permitido, é o bobo da corte, enquanto o bufão é excluído da sociedade. “É um dentro do castelo, outro fora” - completa.
Palhaço ou clown, a função do cômico é flexibilizar estruturas, exercer um novo olhar sobre a sociedade. “Tu acaba se vendo nisso, é um espelho da verdade”, confirma Daniel Lucas, que interpreta o espetáculo clownesco La Perseguida, do Teatro Vagamundo.


Daniel Lucas interpreta o clown Rabito





Texto: Bianca Villanova
Foto1: Lucas Baisch
Fotos 2 e 3: Divulgação

3 comentários:

  1. Olá! Só queria corrigir algo: eu, Gabriela, não fiz nenhuma associação entre o clown e o 'piadista', de forma alguma entendo o clown como alguém que faz 'piadas'. A associação que fiz foi entre o clown e o xamã, pois no meu entender ambos são transgressores: o xama rompe o acordo que define a realidade experimentando outras realidades e sendo o veículo para o seu clã de outras realidades possíveis, e a perspectiva de trabalho adotada pelo VagaMundo também entende o palhaço como um transgressor, que dotado de uma lógica particular vê o mundo sob uma ótica própria, diversa daquela que definimos como habitual. O palhaço transgride os comportamentos de interação com a realidade por apresentar novas formas possíveis de relacionar-se com o mundo. Acho importante esta correção porque o que buscamos no trabalho com o palhaço não é fazer 'piadas', mas vivenciar o riso como uma potência anárquica e política, como uma ferramenta de transformação do indivíduo e de uma sociedade.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Gabriela, realmente me equivoquei ao escrever o texto. Foi feito um comentário sobre a presença, em grupos sociais, de uma figura cômica, e no texto dei a impressão de que esta seria a única função exercida pelo clown. O texto foi modificado para corrigir essa falsa ideia. Desculpe o erro e obrigada pela correção!

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