“Eu estou apaixonada”, Camomila gritou sorrindo na minha direção, o que me fez parar de anotar para fazer este texto. A palhaça tinha uma rosa vermelha na mão e há pouco tinha chegado acompanhada de bicicleta na frente do palco da Praça Saldanha Marinho. Ela estendeu a mão e me levou para o meio do espetáculo, na frente de todo mundo que parava pra ver o que ela e Quindim, o outro palhaço, estavam fazendo com a bicicleta, duas caixas de som e duas malas. Enquanto Camomila dizia que morria de amores por mim, Quindim ficou com ciúmes.
Os dois tinham chegado ali e começaram a convidar os curiosos, que interromperam suas caminhadas. Depois de ajeitarem as pessoas em um semi-círculo, Camomila se bota a dançar balé e Quindim a cantar Dancing Queen em cima do palco coberto de lonas pretas. Ao terminar a canção, Quindim cravou a ponta da clave de malabarista na lona, fazendo a água acumulada da chuva do dia todo jorrar num jato ao seu lado. Felizmente na hora da peça, umas 16h, as nuvens também pausaram o ritmo para acompanhá-los.
Camomila (embaixo) e Quindim (em cima) aterrisando em Santa Maria
O casal então passou a trocar malabarismos com seis claves entre si e foi aí que Camomila me viu. Dei a mão e segui na brincadeira, pois se fugisse eles logo iam achar outro e quis ficar para ver o que ia acontecer. Pegaram meu bloco de anotações e disseram que eu estava copiando o espetáculo deles – verdade em parte. Camomila ameaçou rasgar as páginas se eu não dissesse que a amava. Concordei na hora. Em seguida, eles decidiram fazer um número perigoso. Camomila pôs a rosa na minha boca e pediu pra eu não morder. Ela foi para a minha esquerda e Quindim para a minha direita, logo após ter tirado da mala seis adagas de 40 centímetros. “É falso” eu falei, mas Quindim tocou a ponta na minha coxa e deu pra ver que se arremessassem aquilo contra a minha cabeça, o metal poderia ficar atravessado nas bochechas. “Não morde senão sai com dente e tudo!”, ele avisou e jogou pra cima três das adagas enquanto Camomila fez o mesmo. Eu, reto e imóvel, só piscava quando senti o vento de quatro lâminas de aço, uma de cada vez, passando à dez centímetros do meu nariz. Para acabar com a tensão, Quindim veio e grudou uma adaga na rosa, que caiu no chão. Camomila pegou a minha mão e me levou pra longe fingindo que íamos fugir, mas ela voltou e me abandonou com o público.
Quindim mostrando o fio do facão pra mim e flor de Camomila, com sua rosa
O resto do show foi composto pelas demais estripulias da dupla circense. Discussões, juras de amor, beijos, e acrobacias em cima de uma bicicleta estacionada no chão cheio de buracos e pedras soltas que a Prefeitura poderia muito bem já ter arrumado, fora os alagamentos na área das escadas. Do jeito que o piso está fica difícil de ver até a Copa do Mundo. Mas enfim, os dois juntaram as coisas e foram embora pedalando pela praça, seguidos pelas crianças que assistiram e correram atrás deles, finalizando a 1ª Mostra de Teatro de Rua do FETISM.
O grupo
Mariana Ferreira, de 36 anos, e Mauro Bruzza, de 26, são a Companhia Umpédedois. Pela segunda vez no Fetism, eles vêm de Porto Alegre para mostrar o que fazem todos os domingos de sol no Parque da Redenção: apresentam "O Homem-Banda" às 10hs e "Ao Divagar se Vai Longe e de Bicicleta Mais Ainda..." às 16hs.
Em 2008 se encontraram e aliaram as experiências e os variados aprendizados com objetivo de trabalharem cada vez mais a Arte do Palhaço. Assim, criaram a Cia.UmPédeDois. Com ela, já passaram por Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os próximos destinos são Mato Grosso, Brasília, o festival Amazônia Encena 2010, e Bahia em janeiro e fevereiro de 2011.
Além dos espetáculos mostrados no FETISM, são responsáveis pelas esquetes de circo-teatro “Quero Ser Camo Minelli!!” e “Vaga Luz”, e também o espetáculo de Circo “A Banda Circense”, juntamente com o grupo de teatro DePernasProAr. Mais detalhes sobre a Cia.UmPédeDois podem ser conferidos no blog www.ciaumpededois.blogspot.com.
O resto do show foi composto pelas demais estripulias da dupla circense. Discussões, juras de amor, beijos, e acrobacias em cima de uma bicicleta estacionada no chão cheio de buracos e pedras soltas que a Prefeitura poderia muito bem já ter arrumado, fora os alagamentos na área das escadas. Do jeito que o piso está fica difícil de ver até a Copa do Mundo. Mas enfim, os dois juntaram as coisas e foram embora pedalando pela praça, seguidos pelas crianças que assistiram e correram atrás deles, finalizando a 1ª Mostra de Teatro de Rua do FETISM.
O grupo
Mariana Ferreira, de 36 anos, e Mauro Bruzza, de 26, são a Companhia Umpédedois. Pela segunda vez no Fetism, eles vêm de Porto Alegre para mostrar o que fazem todos os domingos de sol no Parque da Redenção: apresentam "O Homem-Banda" às 10hs e "Ao Divagar se Vai Longe e de Bicicleta Mais Ainda..." às 16hs.
Em 2008 se encontraram e aliaram as experiências e os variados aprendizados com objetivo de trabalharem cada vez mais a Arte do Palhaço. Assim, criaram a Cia.UmPédeDois. Com ela, já passaram por Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os próximos destinos são Mato Grosso, Brasília, o festival Amazônia Encena 2010, e Bahia em janeiro e fevereiro de 2011.
Além dos espetáculos mostrados no FETISM, são responsáveis pelas esquetes de circo-teatro “Quero Ser Camo Minelli!!” e “Vaga Luz”, e também o espetáculo de Circo “A Banda Circense”, juntamente com o grupo de teatro DePernasProAr. Mais detalhes sobre a Cia.UmPédeDois podem ser conferidos no blog www.ciaumpededois.blogspot.com.
Texto: Marcelo De Franceschi
Fotos: Andressa Quadro
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